Pesquisa
Diferentes métodos de pesquisa são utilizados para contribuir na construção do conhecimento sobre as toninhas.
Conhecer o número de indivíduos que vivem em determinado local e quais as tendências desta população é essencial para a conservação. É a partir desta informação que se torna possível monitorar os impactos, assim como a efetividade de estratégias de conservação.
Uma das principais metodologias utilizadas pelo projeto é a amostragem de distâncias em transecções lineares (Distance Sampling), que podem ser realizadas a partir de embarcações ou aeronaves. Todos os animais avistados são contados e por meio de métodos estatísticos é possível estimar a densidade e abundância de uma população. Devido ao desafio de observar toninhas no mar, o projeto vem investindo esforços também para o desenvolvimento de métodos acústicos que possibilitem a obtenção de densidade e abundância populacional.
A fotoidentificação é um método que permite reconhecer os indivíduos na natureza a partir de suas características físicas; no caso da maioria dos cetáceos, incluindo as toninhas, são usadas marcas adquiridas na nadadeira dorsal. Na Baía Babitonga, a fotoidentificação é utilizada no estudo das toninhas desde 2011 e permitiu a construção de um catálogo com mais de 30 indivíduos residentes. O método permite estudar a história de vida dos indivíduos, seus padrões de residência, e estimar o tamanho da população por meio de métodos estatísticos de marcação-recaptura.
A genética também é uma importante ferramenta no estudo das populações. Pequenos pedaços de pele ou músculo de animais encontrados mortos são analisados para verificar o grau de parentesco e conectividade entre as populações. Foi desta forma que o Projeto Toninhas do Brasil, em parceria com o MAQUA/UERJ, comprovou que as toninhas da Baía Babitonga formam uma população única, distinta daquelas que vivem na costa adjacente.
Duas pesquisadoras do Toninhas do Brasil empunhando câmeras fotográficas enquanto monitoram as toninhas da Baía Babitonga.Conhecer onde as toninhas se distribuem e como utilizam a região onde vivem é essencial.O Toninhas do Brasil já trabalhou com o uso de diferentes métodos, consideradas complementares, incluindo o rastreamento satelital, a fotoidentificação, as transecções lineares e, mais recentemente, o monitoramento acústico passivo.
Compreender como os parâmetros ambientais influenciam na distribuição e uso de habitat pelas toninhas ainda é um desafio, e o projeto vem incorporando estas análises em suas diferentes abordagens. Saber quais os ambientes que são prioritários para sua conservação é fundamental.
O Toninhas do Brasil foi pioneiro na realização de procedimentos de captura/marcação/soltura de pequenos cetáceos em ambiente marinho no Brasil para o rastreamento satelital. O trabalho, realizado em 2011 e 2013, contou com a parceria de uma equipe altamente qualificada dos EUA e Argentina, liderada por pesquisadores do Chicago Zoological Society e da Fundación Aquamarina.
Três pesquisadores do Toninhas do Brasil a bordo de embarcação durante o monitoramento visual de toninhas na Baía Babitonga.
A bioacústica tem sido uma das principais linhas de pesquisa do Toninhas do Brasil, pois é uma técnica eficiente para investigar vários aspectos ecológicos e comportamentais dos golfinhos de forma não invasiva. Os diferentes tipos de sons produzidos pela toninha são captados utilizando hidrofones e gravadores digitais, para depois serem analisados.
O monitoramento acústico passivo (MAP) consiste na instalação de equipamentos de registro acústico autônomo de forma fixa ou rebocados por embarcação. Por meio desse método o projeto vem obtendo informações sobre o comportamento, distribuição e uso do habitat das toninhas. Na Baía Babitonga, sessenta estações de monitoramento acústico passivo foram instaladas durante seis meses, permitindo estudar os padrões de distribuição e uso de habitat das toninhas com precisão, identificando seus padrões diários de movimentação e principais áreas de alimentação. Atualmente o projeto vem trabalhando no desenvolvimento de um método de acústica de arrasto (equipamento rebocado) de baixo custo.
A parceria com pescadores também tem sido uma importante estratégia para estudos que envolvem a acústica. Nesse caso, equipamentos são presos em redes de pesca, permitindo obter informações sobre o comportamento das toninhas nas proximidades das redes, contribuindo para a compreensão dos motivos que as levam a ficarem presas nas redes.
Os veículos aéreos não tripulados, popularmente chamados de drones, também têm sido utilizados para aprimorar os estudos de comportamento de acústica. A visão proporcionada pelas imagens aéreas de toninhas permite análises muito mais completas do movimento dos animais.
Pesquisador do Toninhas do Brasil instalando um alarme acústico para toninhas em um módulo de pesquisa.
Pesquisadora do Toninhas do Brasil em um laboratório olhando através de um microscópio durante análises de conteúdo estomacal.
Pesquisador do Toninhas do Brasil a bordo de uma embarcação colocando equipamento na água para avaliar os parâmetros biológicos.
Pesquisador do Toninhas do Brasil a bordo de uma embarcação com prancheta e equipamento de gps durante saída de campo.