Você já descobriu algo mágico hoje? Essa foi uma das perguntas que nortearam o projeto Toninhas do Brasil para criar o “Baú da Toninha: um tesouro marinho”, kit pedagógico composto por onze (11) atividades educativas e disponibilizado para escolas públicas de cidades litorâneas nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Através do material, promoveu-se o encantamento com o ambiente oceânico e com os elementos da sociobiodiversidade destas comunidades de maneira simples, intuitiva e divertida, provando que o despertar para a ciência pode ser uma grande brincadeira.
O brincar desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral no Ensino Infantil e Fundamental. Mais do que simples passatempos, as atividades lúdicas nesta fase têm um impacto profundo na formação cognitiva, social e emocional, preparando o terreno para uma aprendizagem significativa e formação integral do ser. A experienciação do mundo por meio do estímulo pleno dos sentidos, privilegiando o entendimento do eu, do outro e do nós fundamentou a construção do Baú.
Eureka! Aprendendo com a natureza
Este material pedagógico artesanal é um convite para a exploração do vasto oceano do conhecimento de maneira lúdica e envolvente, explica João Miguel Neri Camilo Moreira, coordenador de Educação Ambiental do Toninhas do Brasil. A equipe do projeto mergulhou nas metodologias Montessori, Waldorf e na abordagem Reggio Emilia para idealizar o material, orientados pela perspectiva do brincar heurístico (da expressão grega εὕρηκα – “descobri!”).
Na proposta, idealizada por Elinor Goldschmied, especialista britânica em educação infantil, materiais naturais são apresentados às crianças de maneira atrativa, para que elas os explorem com criatividade e liberdade. São os brinquedos não-estruturados, sem funções pré-determinadas, que compõem uma experiência de aprendizagem onde a criança tem autonomia e a imaginação é o limite.
Na abordagem do brincar heurístico, atividades lúdicas transcendem a mera recreação, tornando-se elementos estruturantes da prática pedagógica. A partir desta perspectiva livre, criativa e holística, busca-se não apenas fomentar a aquisição de conhecimento, mas também cultivar a curiosidade, a autonomia, a resolução de problemas e a empatia nas crianças, consolidando, assim, uma educação que vai além dos limites da sala de aula. A proposta é organizada em três modalidades diferentes, de acordo com a idade das crianças.
Explorar, jogar, experimentar em todas as idades
Na modalidade do cesto de tesouros, pensada para berçários, bebês usam os sentidos para explorar os materiais sentados, em roda, em um espaço organizado pelos educadores. “Levar os nossos tesouros marinhos para os berçários foi um desafio abraçado pelos pedagogos que trabalharam conosco”, afirma João, que destaca o sucesso de dois dos materiais entre bebês: a placa sensorial com itens encontrados na praia e no Acervo Biológico Iperoba, da Univille e o avental de contação de histórias “Comidinha de Toninha” e seus elementos de feltro que interagem com o cenário do avental.
Já para as crianças bem pequenas, destina-se a modalidade do jogo heurístico, no qual diferentes estações são criadas para que as crianças tenham liberdade para circular, manipular e fazer intervenções nos materiais disponibilizados. Professores que aplicaram o Baú da Toninha em salas de Ensino Infantil dispuseram os materiais em estações, organizando sessões de exploração mediada, intervindo ao mínimo e observando as descobertas das crianças. Nesta faixa etária, destacou-se a torre de blocos adesivados de tamanhos diferentes que podem ser organizados para formar um farol e diferentes cadeias alimentares oceânicas, além de um jogo de memórias cujas peças, feitas em alto e baixo-relevo com plástico retirado das praias, podem servir de carimbos e moldes em brincadeiras com argila e massinha de modelar.
Por último, crianças a partir de quatro anos envolvem-se na modalidade da bandeja de experimentações, sendo incentivadas a criar hipóteses sobre os materiais e a expressá-las. No Baú da Toninha, tangram dos ecossistemas, um quebra-cabeça com os quais silhuetas de animais e outros elementos do ambiente oceânico podem ser criados, e o cesto repleto materiais naturais (como sementes e conchas) e elementos artesanais indígenas são pratos cheios para a modalidade. O cesto propõe uma exploração ainda mais livre: a ideia é que as crianças explorem o ambiente ao seu redor em busca de seus próprios tesouros. Os elementos encontrados são, então, o assunto de uma roda de conversa mediada pelos educadores.
Uma proposta ancorada em sustentabilidade, comunidade e transversalidade
Os materiais do Baú da Toninha foram construídos com materiais sustentáveis, naturais ou reaproveitados, por artesãos dos territórios de atuação do projeto, com o envolvimento de comunidades tradicionais (caiçaras e indígenas Guarani), que enriqueceram o Baú com formas diversas de enxergar e de se relacionar com os ecossistemas ao seu redor. Este cuidado permite, ainda, a intersecção com outros Temas Contemporâneos Transversais da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) para além da temática de Meio Ambiente, incluindo o Multiculturalismo, a Economia, a Saúde, a Cidadania e o Civismo.
Ferramentas para uma jornada oceânica de descobertas
O Baú da Toninha é parte integrante do curso de extensão “Navegando com Toninhas: Cultura Oceânica no Ensino Infantil e Fundamental – Anos Iniciais”, cuja primeira turma foi formada por mais de trinta (30) educadores das redes públicas das cidades de Ubatuba, Caraguatatuba (SP), São Francisco do Sul e Laguna (SC). Ao longo do segundo semestre do ano letivo de 2023, profissionais atuantes dentro e fora da sala de aula traçaram rotas para a inserção da temática da cultura oceânica nessas redes municipais de educação, sendo capacitados, inclusive, a aplicar o material do Baú em suas múltiplas possibilidades. Os professores foram além: replicaram os materiais com os alunos, adaptaram as propostas para alunos com diferentes necessidades educacionais e ainda utilizaram-os para inspirar novas atividades artísticas e criativas. A jornada ainda contou com o envolvimento da comunidade escolar ampla, incluindo familiares e educadores não-formais destes territórios.
Sobre o Projeto Toninhas do Brasil
O Projeto Toninhas do Brasil é uma iniciativa que atua na pesquisa e conservação da toninha (Pontoporia blainvillei), um dos menores e mais ameaçados golfinhos do planeta. O Toninhas do Brasil é uma realização da Univille, que conta com parceria Petrobras, por meio do programa Petrobras Socioambiental, que há mais de 20 anos realiza ações de pesquisa, comunicação, educação ambiental e articulação institucional em prol da defesa dos ecossistemas costeiros. Reunindo uma equipe multidisciplinar de profissionais comprometidos com a conservação da biodiversidade e dos ecossistemas marinhos, o projeto é referência no Brasil e no mundo quando o assunto é pesquisa e conservação de pequenos cetáceos.
Contato para a Imprensa:
Naira Albuquerque (Coordenadora de Comunicação Toninhas do Brasil)
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